As eleições gerais em Angola só se vão disputar em 2027 mas o facto de Isabel dos Santos ter admitido que pode entrar nesta corrida abre a porta ao debate sobre os eventuais sucessores de João Lourenço no seio do MPLA.
Isabel dos Santos voltou a colocar o tema das presidenciais em Angola, marcadas para 2027, no centro do debate. A empresária admitiu essa hipótese, numa entrevista a Herlânder Napoleão, no canal Logos, transmitida no Youtube. É “uma ideia que não é estranha. Pode ser parte do futuro”, afirmou.
A filha do antigo presidente José Eduardo dos Santos apoiou João Lourenço (JLO) como candidato à sucessão do pai, em detrimento de Manuel Vicente. Chegado ao poder, JLO deu prioridade ao combate à corrupção e identificou Isabel dos Santos como a “cabeça da hidra” deste sistema. Esta é uma lista básica de potenciais candidatos presidenciais do MPLA, a qual inclui duas mulheres.
“Nandó”, o homem que já foi quase tudo
Fernando da Piedade Dias dos Santos “Nandó” já foi quase tudo em Angola. Ministro do Interior, primeiro-ministro, vice-presidente e presidente da Assembleia Nacional. Terá vontade de avançar e conta com o apoio de um grupo dos “mais velhos do partido”, encabeçado por Dino Matross. O seu telhado de vidro é o envolvimento em negócios com libaneses que ficaram associados ao financiamento de grupo terrorista Hezbollah e uma suposta inibição de poder viajar para os EUA. A idade, 77 anos em 2027, joga a seu desfavor.
Adão de Almeida, humilde e bem preparado
Entre os putativos candidatos é o mais novo. Em 2027 terá 50 anos. Ministro do Estado e chefe da Casa Civil é tido com um pessoa humilde e alguém a quem o poder não inebriou. Junta-se uma forte preparação técnica e académica. Os mais jovens do MPLA olham para ele como mais um representante geracional com fortes condições para mobilizar o resto do eleitorado juvenil dentro e fora das hostes do partido. É sobrinho de Roberto de Almeida, que foi presidente da Assembleia Nacional.
Higino Carneiro, uma figura do aparelho
Já manifestou a sua intenção de ser candidato à presidência. Há quem diga que conta com o apoio dos mulatos e brancos do MPLA, sempre com um peso invisível, mas fundamental, em algumas decisões. No período da reconstrução nacional feita com financiamento chinês e em que surgiram algumas empreitadas de qualidade duvidosa, era ministro das
Obras Públicas. Enquanto empresário tem negócios em áreas diversas como a construção, hotelaria, banca e recentemente na indústria siderúrgica.
Carlos Feijó, por trás das grandes decisões
Carlos Feijó, tido como delfim de José Eduardo dos Santos, esteve sempre por trás das grandes decisões políticas e económicas de Angola. Conhece como poucos os meandro do poder angolano e é dotado de uma inteligência invulgar. A sua voz tem um peso enorme no interior do MPLA, sendo membro do “bureau” político e João Lourenço chama-o com frequência ao palácio da Cidade Alta para ouvir a sua opinião. Se mostrar vontade em ser presidente conseguirá arregimentar apoios importantes.
Archer Mangueira, o servidor que foi reabilitado
Archer Mangueira chegou a ser investigado por desvio de fundos. Acabou por fazer uma travessia no deserto e é agora governador do Namibe. Lançou o mercado de capitais, foi o primeiro ministro das Finanças da administração de João Lourenço. É-lhe atribuída uma excecional capacidade para estabelecer relacionamentos. Já este ano lançou o livro “Angola – A Geração da Transição, autobiografia de um servidor público”. Não está na linha da frente, mas o seu nome não pode ser descartado.
José de Lima Massano, duas vezes governador
O ministro de Estado para a Coordenação Económica é um dos homens de confiança do Presidente da República e da sua esposa, Ana.
António Venâncio, 48 anos como militante do MPLA
António Venâncio é natural do Rangel, em Luanda. É mestre em Ciências Técnicas e professor em Fiscalização e Acompanhamento de Obras Públicas e Particulares. Formou-se em Kharkiv, na antiga União Soviética, em 1988. Até Janeiro de 2018 foi um dos principais assessores do Ministério da Construção.
Tem em currículo mais de 300 obras em todo o território nacional, tendo coordenado as obras do mausoléu no Memorial Dr. Agostinho Neto. Defende a construção de habitações sociais, mas é crítico do modelo das centralidades. António Venâncio apresenta-se assim como o primeiro candidato a assumir a disputa da liderança do MPLA com João Lourenço.
António Venâncio acredita que vai ganhar as eleições para a liderança do partido no poder em Angola no congresso de 2026 porque as coisas “não estão bem” e o país tem de mudar.
Jornal de Negócios