Com mais uma viagem agendada, o Chefe deve ter dormido mal e muito passado da vida. “Cambada de incompetentes” – terá gritado à Chefa. E não é para menos.
Decorridos quase 7 anos a tentar sacar o coelho da cartola para reanimar o filme da tal cruzada falhada contra a corrupção, e apesar de ter orientado celeridade na produção do filme, não foi obedecido.
Chegada a hora H, foi tudo adiado, porque um dos actores é chinês, e não havia interprete. Como entender isso, com tanto chinês a andar por aí, até a vender banana, mandioca e ginguba assada? E então, como se ‘construiu’ o guião do filme? Não se ouviu o actor, apesar de secundário? Só pode ser “azar da Belita”. Tudo a remar contra o Chefe.
Até o desabafo de quem recebeu ordens para acelerar, como se fosse possível determinar o fim deste filme, que sempre nos disseram que é de grande complexidade.
Ou já está tudo decidido e tudo não passa mesmo, e só, de filmar cada acto para ajudar a montar o filme, juntando o que faltava: a actuação em palco e diante de assistência?
Introduzido esse novo capítulo no enredo, a defesa provavelmente não deixará escapar esse factor importante, alheio ao filme, por exemplo, com o seguinte argumento: se uma vírgula mal colocada num texto pode influenciar uma sentença, a defesa não poderá arguir e até contestar qualquer decisão do Tribunal, por alegados erros da tradução e interpretação nos cinco sentidos (réu+interprete+juízes+defesa+escrivão)?
Estamos já a ver o final: tal como noutro filme que assistimos, o prenúncio é que, esse também orientado segundo Ordens Superiores, tem tudo para se estender para lá do mandato do Chefe.
E nesse cenário, as suas ordens superiores e até a sua assinatura, valerão tanto como as minhas. Nem os juízes reconhecerão. Aliás, nesse cenário, até o próprio Chefe se arrisca a aparecer também como réu.
Porque da fama como cúmplice, não escapa. E é por isso mesmo, que para nós isso não passa de mais um filme que começa com a violação de direitos fundamentais dos envolvidos, que até ao final, beneficiando da presunção da inocência, não são culpados de coisa alguma.
POR: RAMILO ALEIXO